17/01/2010

Limites da Amizade I


Determinemos, agora, quais são os limites e, por assim dizer, os termos da amizade.
Encontro aqui três opiniões diferentes, das quais não aprovo nenhuma:
a primeira deseja que sejamos para os nossos amigos, assim como somos para nós mesmos;
a segunda, que a nossa afeição por eles seja tal e qual à que eles têm por nós;
a terceira, que estimemos os nossos amigos, assim como eles se estimam a si mesmos.
Não posso concordar com nenhuma destas três máximas.

Porque a primeira, que cada um tenha para com o seu amigo a mesma afeição e vontade que tem para si, é falsa. De fato, quantas coisas fazemos pelos nossos amigos, que jamais faríamos para nós! Rogar, suplicar a um homem que se despreza, tratar a outro com aspereza, persegui-lo com violência; coisas que em causa própria não seriam muito decentes, nos negócios dos amigos tornam-se muito honrosas.
Quantas vezes um homem de bem abandona a defesa dos seus interesses e os sacrifica,
em seu próprio detrimento, para servir os de seu amigo!

[continua]

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